terça-feira, 12 de outubro de 2010

Obesidade infantil-juvenil, e agora?

É consenso que a obesidade infantil vem aumentando de forma significativa e que ela determina várias complicações na infância e na idade adulta. Na infância, tratar a obesidade pode ser ainda mais difícil do que na fase adulta, pois está relacionado a mudanças de hábitos e disponibilidade dos pais, além de uma falta de entendimento da criança quanto aos danos que ela possa causar.

O ganho de peso na criança é acompanhado por aumento de estatura e aceleração da idade óssea. No entanto, depois, o ganho de peso continua, e a estatura e a idade óssea se mantêm constantes. A puberdade pode ocorrer mais cedo, o que acarreta altura final diminuída, devido ao fechamento mais precoce das cartilagens de crescimento.

O aumento na prevalência da obesidade infantil é preocupante devido ao risco aumentado que essas crianças têm de tornarem-se adultos obesos (estudos falam de risco 2 vezes maior que as crianças não obesas) e devido às várias condições mórbidas associadas à obesidade, que podem ser notadas a curto e a longo prazo. No primeiro grupo estão as desordens ortopédicas, os distúrbios respiratórios, a diabetes, a hipertensão arterial e as dislipidemias, além dos distúrbios psicossociais. A longo prazo, tem sido relatada uma mortalidade aumentada por todas as causas e por doenças coronarianas naqueles indivíduos que foram obesos na infância e adolescência.

No Brasil, assim como nos Estados Unidos e Europa, tem-se observado um aumento da prevalência de obesidade, o qual está estritamente relacionado com mudanças no estilo de vida (outros tipos de brincadeiras, mais tempo frente à televisão e jogos de computadores, maior dificuldade de brincar na rua pela insegurança) e nos hábitos alimentares (maior apelo comercial pelos produtos ricos em carboidratos simples, gorduras e calorias, maior facilidade de fazer preparações ricas em gorduras e calorias e menor custo de produtos de padaria).
Por ser a obesidade uma doença crônica, de difícil tratamento, associada a diversas condições mórbidas e cuja prevalência vem aumentando, a prevenção é o melhor caminho. E ela pode ser praticada com medidas simples e de baixo custo. Nesse contexto, vários autores levantaram a hipótese de que o aleitamento materno teria um efeito protetor contra a obesidade, obtendo resultados controversos e ainda não conclusivos.
Os esforços principais para a prevenção da obesidade na infância devem priorizar: evitar que as crianças de risco adquiram sobrepeso; e impedir a gravidade crescente da obesidade além de reduzir a comorbidade entre crianças com sobrepeso e obesidade. Essas ações preventivas contra a obesidade devem ser iniciadas já na primeira década de vida. A escola e os pais tem grande influência.

São necessárias ações integradas que visem à saúde das crianças, envolvendo famílias, escolas, comunidades e indústria alimentícia, além de um sistema de saúde que priorize a prevenção de doenças.


Referencias bibliográficas

BALABAN, Geni; Silva, Giselia A. P. Efeito protetor do aleitamento materno contra a obesidade infantil. Jornal de Pediatra (Rio J.) vol.80, nº1, Porto Alegre Jan./Feb. 2004

MELLO, Elza D. de; Luft, Vivian C.; Meyer, Flavia. Obesidade infantil: como podemos ser eficazes? Jornal de Pediatra (Rio J). 2004;vol.80, nº3, pág.173-82

TRICHES, Rozane Márcia; Giugliani, Elsa Regina Justo. Obesidade, práticas alimentares e conhecimentos de nutrição em escolares. Revista de saúde pública, 2005, vol.39, nº 4, pág 541- 547. São Paulo

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